terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Felicidade?!?@


                        foto: Caixa d'água, ES, 2012

Alguém aí tem visto a horrorosa novela das seis, se não me engano é a das seis, aquele puxadinho de Malhação intitulado “Além do Horizonte”? Não, né? Pois é. A trama trata prometia tratar, lá no início dos tempos, lá onde o horizonte fez a curva, sobre o tema “a busca da felicidade”. Até aí, tenho que te dizer que eu ia deixar me envolver, por um capítulo ou dois, pra ver se me embarcava na deriva de uma ficção que traz inclusive uma sociedade alternativa para a busca da tal felicidade, com direito a muitos vilões que sacaneiam as pessoas transformando-as em seres passivos e complacentes, hahahahhahaha, com ajuda de uma máquina poderosa, heheheh, um desbarato impossível de ser reproduzido aqui, assim, rapidinho, então nem vou tentar, até porque eu nem vejo, só ouço os diálogos, mal e porcamente, pro meu desprazer é a hora que estou na cozinha, onde só pega Globo.

Enfim! Alguém já me disse que dou voltas demais. A felicidade. Parece que o tema agora está na moda. Sabem, um professor muito bacana me ensinou, nos primórdios dos meus 15 ou 16 anos, quando eu fazia um workshop de roteiro pra cinema (sim, eu já era retardada) que existem pouquíssimos temas nos quais os autores deviam se engalfinhar para atingir a fama, e se esses fossem esprimidos, dariam num só: o amor. Gostaria de encontrar esse sujeito agora pra dizer pra ele que, nesse ínterim estranho de vida que estamos, parece que o mundo está cagando pro amor. Foda-se o amor. Agora o esquema é a felicidade! “Beijo na boca é coisa do passado; a onda agora é, é ser auto-suficiente”, ou “não procure a metade da laranja, seja você a laranja inteira”, ou “o homem mais feliz do mundo encontrou a felicidade dentro de si”, alguma frase de caminhão dessa você já leu, então captou a mensagem que o mundo quer cagar agora.

Eu concordo, tá gente? Concordo com isso. Mas tá sendo engraçado demais ver a contracorrente da geração Y, aliás, a contracorrente DA CORRENTE que prega que existe uma geração Y, e que somos nós, seres que não sabem lutar pela própria felicidade, que acha que ela deve cair do céu porque nós merecemos, porque somos bons, asseados e merecedores. Eu ainda não cheguei a uma conclusão sobre isso, de geração Y, e acho mesmo que estou tentando relacionar coisas sem sentido algum, ou minha incapacidade está em exprimir melhor a relação que vejo em todos esses discursos, e perdão por isso, MAS... o fato é que já leio bastante gente reclamando como eu, no post ainda mais lido desse blog, que esbravejar felicidade em facebook é um saco. Talvez a relação seja só esse excesso de palavras sobre o mesmo tema. Que antes era o amor.

Aí chegaram dois textos de blogs distintos para mim essa semana. Um de uma moça que se despede do Rio, outro de um casal que se despediu do Brasil, e os dois meio que embarcam nessa onda de dizer que estão, em maior ou menor grau, “em busca da felicidade”.  O primeiro é da jornalista Alexandra Lucas Coelho, disponível aqui: http://oglobo.globo.com/rio/alexandra-lucas-coelho-a-hora-da-despedida-11668912 .

Um texto forte, poético, que eu terminei de ler pensando WTF???? Ela gosta ou não gosta dessa merda, afinal de contas? Porque sinceramente, a moça deu uma de forte mas a minha vontade é fazer uns cafunés nela e falar “calma neguinha, faremos uma vaquinha pra você pagar seu aluguel”...

Tá, concordo com ela que a questão a ser colocada é ótima. Você se esgoelar para conseguir o dinheiro para pagar o aluguel é uma sensação horrorosa com a qual estão estou tão bem familiarizada que já nem faço piada mais. Mas se alguém perguntar se quero sair daqui eu não tenho dúvida nem por um segundo. É NÃO, em caixa alta, mesmo que essa resposta venha com um bom bocado de esperança da bolha imobiliária desinchar depois dessa caralha de olimpíada. E por quê? Porque acho que a cidade se paga em coisas gratuitas para se divertir, por exemplo. Porque acho que as possibilidades de fazer dinheiro são maiores. Porque ainda não gastei vida aqui o suficiente. Mas entendo se você não quiser ficar mais. Só não sofra tanto para tentar se convencer que é ótimo deixar o barco. Seja homem, mulher!

Tem uma coisa muito chata que vem com quem muda de cidade. Acontece com todo mundo. A pessoa fica fascinada com o novo lugar e fica jorrando isso aos quatro ventos, como tal lugar é maravilhoso, como tudo é mais legal, e também – por que não – há espaço sempre para falar mal da antiga cidade, tadinha, te abrigou tanto tempo, você se divertiu tanto nela, e agora ela é uma merda?! Bom, eu tive essa fase. Ficava tentando esconder, sem conseguir muitas vezes, porque sabia, lá no fundo, o quanto era ridículo. Tentei carregar meus amigos para cá, arranjei propostas de emprego para eles, fiquei horrorizada quando negaram, não entendia a atrocidade de tal decisão. Hoje, percebo claramente o que era isso: a parte mais sofrida da MINHA escolha. A saudade, que está levemente retratada no último texto do outro blog de que lhes falei, o www.gluckproject.com.br. O site, também de jornalistas, fala sobre a busca da felicidade de uma forma mais irônica, e eu me identifico bem com eles, inclusive porque são como porcos a escrever, sem se preocupar com a lavagem no ventilador, por aí.  

Vamos aos fatos, então. Pelo menos dois amigos meus deixarão de viver no Rio este ano. Tá achando pouco? Quantos amigos você acha que eu tenho aqui? Amigos de verdade, que eu posso ligar até encher o saco, pra tomar uma cerveja na quarta-feira? Não são muitos, nem aqui nem no mundo... E quer saber? Dei força para os dois. Cada um sabe onde a sua felicidade está. Qualidade de vida é uma coisa que se compra, sim, e aqui tá caro demais, eu sei. Sentirei saudade, como quem, de dieta, sabe que para sempre não pode comer chocolate, só muito de vez em quando, só para te lembrar do quanto você é infeliz por ser gorda. Isso pode ser uma abstinência tão grande no primeiro ano que pensei que fosse depressivar, só de sentir saudade, e ninguém fala disso, não é mesmo? Claro, depois passa. A ponto da gente conseguir dar força pros amigos que querem mudar daqui.


Credo, que texto triste, sem cara de Facebook... chega. Acho que vou começar a falar de amor.    


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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Dia de museu com Maul



Algumas pessoas muito, muito próximas, estiveram me encorajando a fazer mais vídeos, nem que fossem menores, do celular mesmo, já que colocar uma equipe de gravação na rua é tão fácil quanto levantar uma tenda de circo. (Vejam bem, essas pessoas são realmente próximas, já que ninguém em sã consciência pediria a desconhecidos para fazer registros no celular porque querem ver vídeos caseiros).

Bem, como a fanfarronice vem cada vez mais tomando conta da minha personalidade, resolvi brincar disso e ver o que saía. Aproveitando a visita de um amigo muito querido, e aproveitando que ele me fez sair de casa no verão do Rio de Janeiro não para ir à praia, não para beber uma gelada, nããããão, mas para ir a MUSEUS, que é coisa boa demais para fazer no verão do capeta dessa cidade, enfim, empolguei e fiz uma versão do Rio aos 30 “selfie”! (uma ótima justificativa pobre com um termo da moda).

Então enquanto a galera Cazota prepara uma coisa mais bacaninha, com uma câmera de verdade, fica aí uma brincadeira para vocês que não tem absolutamente mais nada para fazer ou que adooooram ver vídeos caseiros alheios. E claro, para quem estiver por aqui e quiser muito não beber uma cerveja, não ir à praia, etc etc etc, fica a dica do roteiro desse dia para marinheiros de primeira viagem.

PS: Tem ar condicionado em todos os centros culturais do Rio.

SERVIÇO

Bienal de Caricatura
Uma furada. Só vá lá se você estiver de passagem, ou para visitar o próprio Museu da República, ou se você quiser ir ao cinema de lá, ou se você for muito, muito fã de caricatura.
A mostra fica no Jardim Histórico do Palácio do Catete, que fica exatamente em frente à estação do metrô Catete. São seis painéis expostos com a arte de Jorge Guidacci. E só.
Em cartaz até dia 20 de fevereiro, de segunda a sexta, das 8h às 18h, entrada grátis.

Oi Futuro Flamengo
Dá tranquilamente para ir andando do Palácio do Catete para o Oi Futuro Flamengo, que fica na rua Dois de Dezembro, 63. Basta seguir pela Rua do Catete para a direita de quem olha o Palácio, a rua Dois de Dezembro é uma transversal. (A distância entre os dois pontos é de 700 metros).
Nesse centro fomos visitar a mostra do cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul (cujo nome é impronunciável, fique tranquilo). Tem sete curtas sendo exibidos simultaneamente ao longa mais conhecido do artista, chamado “Hotel Mekong”. Gostei muito de Ashes (2012),Uma Carta para o Tio Boonmee (2009) e O Hino (2006).
Fica só até o dia 09 de fevereiro, das 11h às 20h, entrada grátis e classificação livre.

Casa Daros – Botafogo
Seguimos até o final da rua do Oi Futuro Flamengo e encontramos um ponto de ônibus logo de cara, no aterro, onde pegamos o 107. De lá saltamos no ponto mais próximo da Casa Daros. (Se você é de fora, não fique intimidado a pedir informações aos trocadores e motoristas, eles estão mais do que acostumados e quase sempre são muito solícitos). Se você fizer esse mesmo caminho, vai saltar do outro lado da rua. Nem tente atravessar por cima, é a saída do aterro, uma via expressa perigosa. Há uma passagem subterrânea mais à frente, ande até lá e passe por baixo.
A Casa Daros é super bonita e tem sempre uma programação agitada, por vezes se estendendo até a festinhas à noite. Lá vimos duas exposições muito legais: a “Le Parc Lumière”, de Julio Le Parc, e Matriz de Voz, de Rafael Lozano-Hemmer.
Le Parc Lumière é um parque de diversões luminosas, e todas as paredes da Casa Daros foram pintadas de preto para que você ande num breu total. Inclusive os seguranças pedem que você fique três minutos numa antessala até que sua retina se acostume com a escuridão, para só depois andar com segurança pelos salões. 
A exposição fica até o dia 23 de fevereiro, das 11h às 19h (domingos até 18h). O ingresso para conhecer todas as exposições da Casa custam R$ 12,00 inteira.


Matriz de Voz é a experiência de gravar a voz em uma sala com uma brincadeira de iluminação. Esta fica até o dia 09 de março e está no “pacote” da Casa Daros.  



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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Reabrindo os trabalhos



Senti culpa. Senti em todas as cinco cidades nas quais pernoitei na Bahia. Senti todos os dias. Pensava no tamanho do problema que encararia assim que o ano começasse, precisamente no dia 1º de fevereiro, já que este ano o carnaval só será em março. Senti que minha vida estava suspensa, e aproveitei enquanto os cabos não fossem cortados pela dura, duríssima realidade. A culpa no frescor aumenta a temperatura da rotina, todos sabem não é? Nem será tão ruim assim, agora que começou. Só tinha que começar.

2014 veio com o cavalo de madeira. Sabem, nas passagens de ano eu fico assim, mística, quase apocalíptica, não importa se a soma dos numerais vai dar num número primo ou não. Então esse ano eu já estou munida (há bastantes meses, inclusive), do meu livro personalizado de horóscopo mês a mês e já está no meu quadro imantado a cola da minha leitura do tarô do ano. Também li cartas para todos os pobres que aceitaram minha disponibilidade insistente de taróloga voluntária para assuntos de ano novo, tudo para ter uma ideia geral de como será esse pacotinho de 365 dias, se não me engano sem bissextualidade dessa vez, sempre alardeiam na TV quando o ano resolve mudar sua orientação com um parafuso a mais, mesmo que isso, tediosamente, seja repetido ad eternum de quatro em quatro gerações.

Então, segura peão! Que você está lendo uma pessoa pós-graduada em 2014! Para começar: esse é o ano do cavalo de madeira, como já disse, só que isso é no horóscopo chinês. Lá tem uns doze bichos e uns cinco elementos, se não me falha a memória, que vão se combinando para trazer ao ano lufadas de características parecidas. Esse cavalinho traz a força para os novos projetos. Então, desengaveta aí aquela ideia antiga e arregaça as mangas, que se você acreditar, igual quando passa a estrela cadente, mas só que com muito mais esforço, tipo o esforço de você pegar uma estrelinha que tava lá parada, olhando pro horizonte, e desse um peteleco de 700 milhões de quilojoules para ela cair, aaaahhhh, olha só, que sorte, uma estrela cadente, aí sim os seus projetos se tornarão realidade.

Faz todo o sentido! Nas minhas leituras de tarô para os outros (e para mim também, tenho que confessar), saiu um bocado de cartas do piru (isso é uma gíria para quem nasceu antes do ano de George Orwell, não tem conotação sexual, e se você não sabe qual é o ano de Orwell, mesmo que tenha menos de 30, deveria se informar melhor, ler mais livros que tem coisa que é pra todo mundo, meu filho), então, cartas do piru, tipo A Torre, A Morte, o Dez de Espadas, cartas que dão o peteleco da estrelinha pra sua vidinha que tava tão lindinha virar um verdadeiro caos. A boa notícia é que é você quem dá o peteleco!

Eu “inventei” um método novo de leitura que traz dois baralhos ao mesmo tempo para a mesma situação, e já deu certo isso, então a gente fica sabendo melhor ainda como se dará a tal situação, então do lado dessas cartas do piru vinham sempre cartas muito joias para dar uma contrabalançada na fuzarca, o que significa que todo mundo vai tentar f*** com a rotina e que isso será muito bom.   

Tá se identificando? Pois bem. Sabem, dizem que essa coisa de uma pessoa ficar doidona pra saber o futuro nada mais é que uma atitude infortunada de tentar controlar o incontrolável, ou seja, a vida, o destino, os dias, as horas, caso você esteja com o probleminha mais avançado, tipo eu. Mas acho que é meio que inofensivo, se você não pensar demais nisso. O mínimo que pode acontecer é você se sentir corajoso a fazer uma cagadas, e nisso eu boto muita fé.


Feliz 2014 para vocês!



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