sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Carunchos!



Meu namorado fez macarrão no jantar. Um macarrão delicioso, cheio de tempero que não posso comer atualmente, estou numa dieta ayurvédica que me impede de comer pimenta, tomate, carne vermelha, queijo amarelo e tudo o que ficou institucionalizado como "o melhor para um macarrão". Era menos cínico os indianos dizerem logo que não posso comer macarrão, mas não. Eles fizeram assim para que eu fizesse o meu próprio caminho até a verdade do não-macarrão.

Pois bem, estava eu nesse momento de loucura total, comendo um macarrão com molho vermelho e queijo amarelo, quando vi, já de barriga cheia, que o tempero contava com uns pedacinhos marrons que eu reconhecia de algum lugar, mas que no meu prato pareciam alguma novidade culinária das boas.

Carunchos.

Minha casa está infestada de carunchos, aqueles serezinhos que comem tudo o que veem pela frente e que você esqueceu de pôr em vidros. A comida, gente, não os carunchos! Quem guarda carunchos em vidros? Eu, hein. Então, verifiquei o pote de páprica e, de fato, era já de carunchos que faziam do tempero o confete de um carnaval sem fim, daqueles bem orgiásticos, de tanta gente que tinha naquele potinho de plástico. Tudo bem, tudo bem. Os índios enchem a cara de formiga, os indianos de grilos, porque não posso comer carunchos? Eles nada mais são do que bichos de goiaba, só que marrons.

Eeeeeca.

Larguei o prato de lado, terminei meu vinho e fui dormir.

Acordei estranha. Em posição fetal, me sentia confortável arqueada demais. Sentia minha pele brilhante. Virei caruncho.

Ora ora, demorou. Óbvio que isso ia acontecer, mais cedo ou mais tarde. Sou um caruncho idiota, lerdo demais para perceber que estão vindo me esmagar, e o mundo está sempre me esmagando, mas de vez em quando, quando ele está lá muito preocupado com seus afazeres ele me esquece, ou me deixa de lado, caruncho é tão idiota que não se mata assim, pode até comer, li na internet, são super proteicos, e aí eu posso voar, é isso, quando me esquecem eu posso voar!!!! E posso comer páprica à vontade, furo o plástico e caio numa piscina de páprica, tão proibida toda essa picância, e daí, ninguém está vendo, e quando me descartarem vou com piscina e tudo para o lixo.



Não tenho mesmo muitas defesas naturais. A única coisa que posso fazer quando alguém vem me esmagar é ficar parada, esperando que a pessoa mude de ideia com minha insubstância. Mas parece que isso não é o bastante e seguem me esmagando, fato é que parece que as pessoas se sentem bem fazendo isso, deve ser pura vingança pela páprica, Rá, meu filho, vou te falar uma coisa antes de você me esmagar, o que você não sabe é que a páprica é só para a larica, sou mesmo é viciada em comer plástico, por essa você não esperava, carunchos pirando em polímeros sintéticos enquanto dançam numa pista de páprica picante. E depois voam. Chupa essa manga.

-Você está bebendo todos os dias?
-Não, todos os dias não. Mas todas as noites, com certeza.
-Mas você não me disse que tomava uma, duas tacinhas de vinho quando chegava em casa?
-Então. Vinho é para os dias que não estou bebendo.

Minha psiquiatra disse que vai me usar como exemplo de sinceridade para seus outros pacientes. Ora, ora, se te pago mil pratas por mês o mínimo que você vai ter que engolir é a minha verdade, minha filha. Ah, se não! E me dê um antídoto aí, que depois dos trinta o melhor que se tem a fazer é descobrir os antídotos, suco verde, academia, gengibre fresco, vodca ou água de coco, só um idiota para achar que tanto faz, vodca é para tristeza, água de coco para a vodca, e assim vamos vivendo.

Então, voltando, nessa sessão e eu falei para ela que estava super confusa com as pessoas que não bebem. O que elas fazem? É tempo demais de vida à toa... E como se comunicam? Como limpam a casa? Como fazem amor? Estendem a roupa no varal, molham as plantas, vão ao cinema, falam com o porteiro? Como se divertem, leem livros e viajam? Mistério...

E aí veio o "convite".

Um "convite" para ficar sem beber durante alguns dias.

Vocês sabem, ela atende o Caps, que é o Centro de Assistência Psicossocial, ou algo que o valha, ou seja, mendigos alcóolatras e drogados. E ela estava me dizendo tudo isso para explicar que era contra abstinência, que prefere trabalhar com o conceito de "redução de danos", mas que, no meu caso, ela achava válido que eu ficasse uns dez dias sem beber, assim, se eu quisesse, não era uma imposição, era um convite.

-DEZ DIASSSS???
-Tá bom, vai, que tal oito?
-Hummmm....
-Ainda está muito?
-Estou pensando se não tem nenhum evento que não posso perder.
-Sempre tem.
-Tá. É. Tá. Oito dias. Terça que vem posso beber? Terça que vem posso beber. Combinado. Acho que sobrevivo. Vou riscar minhas paredes com tracinhos de presidiário e te mandar uma foto.
-Ah! Tem mais uma coisa: inclusive acho que você deve aceitar os convites para ir aos bares. Acho que você pode se surpreender, se divertindo muito sem álcool.
-Uhummmm.... (totalmente incrédula).
-É um CONVITE PARA UMA EXPERIÊNCIA DE AUTOCONHECIMENTO! (palavras lindas para idiotas como eu que leram "Comer, Rezar, Amar" acreditarem que ficar oito dias sem beber vai mudar sua vida por completo).
-Tá, beleza, eu topo! Vai ser legal!
-Boa! Ah, Helena, podemos marcar a sessão da semana que vem para outro dia? O doutorado vai começar a me impedir de consultar às segundas-feiras.
-Ok. Qual mesmo é seu tema de estudo?
-Hahahahhahaha, você vai gostar! É sobre alcóolatras e drogados.
-Ó, que interessante! Estuda direitinho. Você vai precisar.

Hoje é sexta-feira. O dia tabu. Já fui a dois botecos na semana, só na coca-cola, já ouvi todas as retaliações de amigos dizendo o quanto sou idiota, que tem coisas, tem coisas que não se falam para uma PSICÓLOGA, tá doida? Imagina, isso não se fala, mas então, algo me diz que o pior ainda está por vir.

Quer saber? Depois dessa semana vou ficar super autoconhecida e aí vocês vão ver, estou no meu quinto dia e acho que vou ficar mais um pouquinho, pode ser que eu aprenda alguma coisa nessa parte do caminho, já cantaria a Tulipa. Sobrou tempo até para escrever... Sabem? Acordei seis horas da manhã hoje! Caruncho, mas acordei. E sonhei que tinha tempo livre, tempo demais para fazer tudo o que eu queria e que eu podia até voar.  




***

Para ouvir:
Tulipa Ruiz, "Efêmera"> 
https://www.youtube.com/watch?v=Bo8Gg6dGIIQ




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quinta-feira, 16 de abril de 2015

#rioaos30FDS: Sana

Acho que foi há uns quinze anos, na Escola Técnica do ES, ainda, quando ouvi falar pela primeira vez no Sana. Desde aquela época já era um conhecido lugarzinho bacana pros doidão hippie fumar maconha e tomar banho de cachoeira. Apesar de eu não ser hippie e não fumar maconha, sempre gostei desse tipo de lugar. Por alguns dias, a gente pode parar de pentear o cabelo, andar de havaianas e não precisa se preocupar nem com batom na mochila, o que pra mim é um oásis no meio das roupas passadas sapatos bico fino maquiagens base pó primer corretivo secador de cabelo de todas as gravações. Pois bem.

No último feriado eu consegui ir ao Sana! Olha que legal! Comemora, gente! São quinze anos! E vou te dizer: é mesmo um lugar pros malucos fumarem maconha e tomarem banho de cachoeira. Uma delícia!

No primeiro dia eu só dormi. De verdade. Eu precisava, e não achei nada mal ficar olhando pra essa vista verde da janela enquanto o sol caía devagarzinho, o frio vinha de mansinho e os mosquitos me jantavam.




É, se você é daquele tipo que tem horror a umas picadas e talz, bem, natureza é isso também.

Fiquei hospedada no Iaiá Hostel, uma casa muito aconchegante do casal Iaiá e Gabriel. Eles têm duas crianças fofas que são apertáveis a quem se interessa. Eu me interessei muito. E a sala e a cozinha, como é de praxe nos hostels, são abertos aos hóspedes. Do jeito que eu gosto.



O Gabriel toca numa banda muito boa, e se você gosta de um som brasileiro ao vivo, vai gostar de saber onde a turma vai se apresentar à noite. Normalmente o bar ficava lotado quando eles começavam a tocar, então é bom chegar mais cedo. Apesar de que, os shows começam mais tarde, tipo meia-noite. Mas você pode ficar curtindo uma Heineken ou uma Bud, que é bem fácil de achar pelos bares de lá. E as coisas não são caras, pelo menos pro padrão Rio. Para a banda, separe uma gorjeta bacana. Eles não cobram couvert, só passam o chapéu, uma boa oportunidade pra você mostrar que valoriza!

Bem, vamos ao que interessa: as cachoeiras! No dia seguinte acordei descansada o bastante para topar uma trilha. Você não precisa de carro para ir para as cachoeiras, aliás, nem rola. Todo mundo pega a estrada da roça durante o dia e sobe em direção a elas.



Pelo caminho, você ainda pode apreciar as placas do caminho, e rir um bocado com a criatividade e espontaneidade da galera local...




Optei por ir direto para a cachoeira que fica mais longe, creio que o nome seja Sete Quedas. Dá uma olhada nisso:



Essa é daquelas cachoeiras que você pode ficar debaixo, olhando a água virar um lençol por cima de você. Água cristalina e... gelada. Paciência, é uma cachoeira.

Depois desci para a segunda cachoeira. Esta é menorzinha, mas muito charmosa. Em volta tem uns poços onde se pode tomar banho com mais tranquilidade.




Enfim, a primeira cachoeira. Esta é a mais famosa e frequentada, tanto pela facilidade da trilha quanto pela brincadeira. Nela, é possível escorregar e cair direto numa piscina de água doce. Dá pra passar o dia fazendo isso!




Vamos a algumas dicas: as trilhas são bem tranquilas, se você não tem nenhum tipo de dificuldade de mobilidade vai chegar bem. Dá pra ir descalço, de havaiana, de tênis, como você quiser. Só fique de olho nas pedras escorregadias, principalmente depois de dias de chuva. A lama pode te deixar no chão se você não prestar atenção! Isso também serve para andar nas cachoeiras.

Pelo menos no feriado havia banquinhas com doces, salgados, água, chá mate e outras coisas pelo caminho ou na entrada das cachoeiras. É mais caro, mas é o preço de quem não quer carregar peso, né? Há, na maioria dos locais, opções vegetarianas e integrais.

Cuidado com o horário de voltar. Nas florestas o sol desce mais rápido e há sempre o risco de se perder. Mesmo sendo as trilhas bem abertas, é bom não facilitar.

Lembre-se que você está numa área de preservação ambiental. Leve sua sacola de lixo para recolher seus resíduos, não arranque flores e plantas, não mexa com os animais e não coloque som alto. Isso é poluição sonora e acredite, ninguém está indo pro meio do mato pra ouvir o funk, o arrocha, o eletrônico e nem mesmo o rock que você curte.

Bom Sana pra você!



 
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quinta-feira, 2 de abril de 2015

#rioaos30FDS: Paineiras



Então, no tratamento de crises de ansiedade tem essa coisa de entrar em contato com a natureza, confuso que é tratar uma questão que não se sabe ser de origem mais filosófica ou química, tenho pra mim que é de fato social, haja vista o tantão de gente sofrendo disso, mas quem sou eu, se não paciente, então paciência e faz o que te mandam. Foi assim que eu e meu namorado fomos conhecer as Paineiras, um cantinho de mata das redondezas do Corcovado que pouca gente sabe que fica joia em fins de semana e feriados, ocasiões em que fecham a estrada para carros a fim de abrirem para pessoas como eu, que precisam de contato com a natureza. Enfim.



Paineiras nada mais é que uma estrada, de asfalto mesmo, mas numa vizinhança muito, muito bonita. De um lado é a Estrada do Redentor e de outro Estrada das Paineiras, que se encontram numa bifurcação e viram a Estrada do Corcovado. A gente foi de carro, tem estacionamento e é tranquilo de chegar pelo Google Maps. A "entrada" é exatamente no meio do caminho de quem sobe para o Cristo, dá inclusive para pegar um bondinho de lá. Há uma pequena lanchonete e banheiros também. E tem uma construção antiga, um casarão, muito bacana, lógico, com uma bela vista. 



São apenas alguns quilômetros subindo a estrada de forma bem fácil, sem ser íngreme demais. Durante a caminhada há várias bicas de água de nascente, um convite para se refrescar! Ficamos na expectativa do que teria no final do percurso, já que, enfim, tinha que ter alguma coisa, um macaco gigante, uma fonte, um mirante, um ambulante vendendo Heineken, em cidades turísticas, e principalmente aqui, tem que ter o "ápice" da experiência, e nós esperávamos ansiosos pelo que viria. Já te digo: tinha uma placa de "fim", ou algo que o valha, e dali voltamos. Como eu disse, é só uma estrada que fecham no final de semana, então não tem a experiência apical não. Para não ficarmos traumatizados abrimos a nossa mochila e tiramos nosso sanduíche para coroar a primeira parte da caminhada com um piquenique. 




Na volta paramos no mirante Dona Marta. A vista é espetacular! Bom fds!







 

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quarta-feira, 1 de abril de 2015

#universo30: Partiu macumba! (parte 2)




Uma semana depois do ocorrido com Elisa, sonhei com Gabriel Labanca. Todo mundo ainda sentia falta de seu jeito “espirituoso”, e essa é talvez uma piadinha infame que ele faria. 
-Oi Mocréia! (ele costumava me chamar dessas coisas carinhosas. Aliás, Keka era “Índia Velha”, Roberta era “Naja Pomerana”, todos tinham um codinome especial inventado por Labanca).
-Oi.
-Negócio é o seguinte. Tô precisando da sua ajuda também.
-Porra, Labanca! Me deixa dormir! Olha, eu não sou médium, não tenho nenhuma faculdade espiritual especial, como vou te ajudar?
-Ah, Feiosa! Eu sei que você ajudou a Elisa semana passada! Porque não pode me ajudar também?
-Como? Como você sabe que a Elisa...

Enfim. Assim foi o sonho. Rápido, ele falava acerca de um número. Não consegui decifrar sobre o quê exatamente ele falava, mas algo me diz que era um número de três dígitos. Ainda esta noite, a mãe de santo que decifrou a mensagem de Elisa durante o Festival de Cinema (vide parte 1 desse texto) me apareceu em sonho também (pois é, olha que noites agitadas, gente!) e me disse que a razão por ele ter me escolhido para falar era uma paixão que nos unia. 

Audiovisual? Será que se tratava de algum projeto no computador dele? Um amigo citou essa possibilidade e eu achei bem plausível. Mas o fato é que, mesmo conhecendo o Labanca desde a oitava série do primeiro grau (estudamos em uma escola pública e ele já era o desenhista da turma naquela época), eu não tinha aqueeeela convivência com ele, muito menos com a família ele. Como chegar no computador dele? E ainda pedir pra fuçar???

A coisa ficou de lado. Comecei a ventilar a ideia de ir a um Centro Espírita pra ver se alguém me dava uma luz. E falar com o máximo de pessoas para ver o que elas acham a respeito. 

Claro que cada um me mandou para uma igreja diferente e tinha uma versão para o mistério do número, o que não ajudou muito. Um amigo me falou algo que me chamou a atenção em especial, “será que eles não aparecem porque é você que precisa de ajuda? Precisa entender alguma coisa, sei lá”, e eu fiquei com a pulga atrás da orelha. Parecia muito mais óbvio que eles é que precisavam de mim, jovens como morreram, ninguém espera, com certeza ficaram pendências por aqui e eles precisavam de mãos para finalizá-las. Mas qual é a real preocupação de quem já se foi, gente? Enfim, eu tinha que começar a investigar. 

Mas vocês sabem, a vida vai passando e a gente tentando correr atrás do que era prioridade para ontem. Portanto, anos se passaram e nada foi feito. Até que desde o ano passado voltou a latejar essa história, como um compromisso sério, tenho que fazer alguma coisa sobre isso, e com o estímulo de uma amiga fui a um Centro aqui no Rio. 

Chegando lá, nossa, grande, e um monte de gente, passei por umas salinhas, conversei com umas pessoas. É por motivo de saúde que você está aqui?, disse uma médium, Mais ou menos, na verdade nem sei, posso dizer que fui diagnosticada com Síndrome do Pânico, AAAAAhhhhh, isso é totalmente espiritual, minha filha, você sabe, os espíritos obsessores ficam grudando na gente e podem nos fazer mal, Senhora, acredito nisso, só acho que meus espíritos obsessores estão vivinhos da silva, posso te citar os nomes se você quiser. Ela riu e continuou, Também pode ser um compromisso espiritual que você já está adiando há muito tempo, Pode ser, faz sentido, amigos meus, desencarnados (eu já falando kardecês) apareceram em sonhos para mim, mas já tem anos, Então, minha filha, se você continuasse no seu estado de conforto jamais viria aqui, pode ser isso sim, Tudo bem, pode ser, parafraseando meu sábio e já desencarnado vovô Henrique, enquanto não sei com quem está a verdade deixa todo mundo entrar. 

Recebi um “cartão de vacinação” com espaços para carimbar minhas sessões de um tratamento espiritual. A coisa vai de oito meses a um ano e pouco, não pode mais do que isso, depois, tipo, prescreve a parada e os espíritos voltam a te aporrinhar, ou algo do tipo, ainda estou no início, não aprendi tudo, tá? Paciência.

Só peguei uma palestra até agora, quase dormi, achei umas coisas interessantes, outras me irritam, essa coisa de todo mundo achar que é o dono da verdade, até os ateus estão proselitistas no mundo de hoje, gente, é muita intolerância com as crenças alheias, islamismo, cientificismo, o cerne do discurso é o mesmo, eu sou fodão e o resto é imbecil, e eu, no meio disso tudo, intolerante a tudo e a todos. 

Não sei onde vai dar. Quero chegar na parte legal, de ver espíritos, ou pelo ouvir coisas e talz. Só sei que se não rolar vou ficar meio decepcionada. Se essa parada toda não existir, como se explica tantos fenômenos que a ciência ainda não abarcou? 



E o cérebro, tadinhos de nós, sabemos absolutamente nada sobre ele, ficamos enchendo o pobre de drogas, antidepressivos, anticrises de pânico, antissonolência, antiacordância, e vamos ficando assim, cabeça oca, parece que a massa cerebral que antes era fofinha como uma tripa vai virando isopor. Não sei explicar porque, mas é isso. Acho que meu cérebro tá virando isopor. E para uma doença séria como a isoporização cerebral, creio que só mesmo com ajuda espiritual. 

Partiu macumba!  

****

Era para esse texto ter sido escrito na segunda-feira. Não deu pra escrever antes, mas hoje acordei decidida a não adiar mais. Quando fui olhar no facebook dele, depois de tanto tempo sem visitar, tomei um susto. Feliz aniversário, Labanca! Ou estava no meu inconsciente, ou você está mesmo por aqui, seu Feioso. E se você é meu espírito obsessor, pode continuar enchendo o saco. 

Saudade de você, mané.  


 

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sexta-feira, 27 de março de 2015

Robert Plant


Fui ao show do Robert  Plant. Não sou uma pessoa muito ligada em shows musicais, aquele monte de gente na sua frente pra ver um fantasma de cabeça estourada pela luz, mas em alguns eu faço questão de ir e essa era umas dessas raras oportunidades de ver algum artista que pra mim é mágico. Foi programado: uma amiga das antigas, que aliás já passou uma boa parte dessa vida ouvindo Led Zeppelin comigo, trocou o horário do serviço e pegou um avião no meio da semana para o evento em questão. E digo por ela, valeu a pena. 

À tarde, antes de irmos para o show, conversamos caminhando pela rua que “a gente não estava esperando por um cover do Led”, concordando que o Robert, por mais que a gente tenha congelado a imagem dele lá, ele mesmo, para nosso orgulho, não parou no tempo. Ele estava tocando umas coisas mutcho loucas, sobre as quais eu pouco sabia, nada além de juntar as pegadas indianas marroquinas exóticas que ele tanto gostava com sintetizadores e algo assim, eletrônico, sabe? Moderno. A gente não estava nem aí, na verdade queríamos era estar na mesma sala que aquela entidade pra saber se ele existia mesmo ou era igual ao homem que “foi para a Lua”, obviamente uma mentira criada na Guerra Fria para dar alguma esperança aos nossos corações. Mas eu acredito que o homem foi à Lua. E eu acreditava no Robert Plant.

Quando chegou a hora, enfrentamos um ônibus atééééééé a Barra da Tijuca, e ela me disse que a música Ten Years Gone não saía da sua cabeça desde quando ela acordara, eu só respondi que bom que não é “olha o piupiuô-pirulitô” e ela concordou. Que bom. Que bom.

O ônibus não nos levou onde o Google Maps disse que levaria, então pegamos um táxi, e uma fila para pegar ingresso, e fila pra pegar cerveja, e empurramos umas pessoas para encontrar um lugar razoável para ver o show. E aí eu vi o Robert Plant. Olhei bem na cara dele (da tela que estava do lado do palco, não foi mesmo de pertinho, com o ingresso que eu podia pagar), mas eu olhei bem na cara dele e foi muito estranho. Parecia que eu já o conhecia há zilhares de anos, o que é a mais pura verdade. Ele existe! E o homem, portanto, pisou a Lua, e a Nasa não esconde da gente que os extraterrestres existem  e não, ainda não inventaram a cura para a Aids, infelizmente, melhor do que fechar a questão num egoísmo econômico do que a total falta de fé na humanidade. Robertiiiiiiiiiii!!!! Uhhhuuuuulllll!!! Eu gritava com a minha garganta dolorida de uma gripe mal curada enquanto confirmava a sua existência.

Ele tocou como pela primeira vez aquelas músicas. E nós, que não esperávamos por um cover do Led Zeppelin, ouvimos muito felizes algumas. Minha amiga, tal qual uma fã adolescente de Luan Santana, começou a chorar. Porque ele começou a cantar. Ten.Years.Gone.
A edição não é das melhores, mas tem tradução, para de reclamar.)

A sensação era que aquela música me carregava no colo. Entre Leds e novidades, Mr. Plant me enaltecia a vida e gentilmente apresentava minhas novas músicas preferidas. Enquanto ele cantava eu via um cara bacana, que era pra ser um vovô fazendo tricô, cantando a Verdade em cada sílaba das músicas novas e velhas, todas como se fosse a primeira vez. Eu só pensava como é bonito ter trinta anos e gostar desse vovô. Obrigada, vovô Plant! Você é fodão. Como pode um artista fazer isso assim, como se fosse fácil? Eu entrava num estado de transe, assim como ele, saboreando músicas como quem, de ressaca, come um Cheddar MacMelt.

Ele, de alguma forma, me apresentava a Verdade. 

Na minha cabeça, ele discursava. “Pessoas de trinta anos, uni-vos! Homens, deixai vossos cabelos compridos, ainda que as entradas lhes comam os lados da cabeça, porque é bonito. Mulheres, só façam as unhas quando tiverem vontade, e pode ser só para passar base ou só para ficar com as mãos coloridas! Cortem suas roupas, desfiem seus próprios jeans, reparem as bainhas com seus estiletes. Balzacos, não se envergonhem de suas tatuagens verdes, elas são a prova de quem achava bonito riscar o corpo em uma época quando isso ainda não era moda, pelo contrário, era marginal, no melhor sentido da palavra. Vocês, que acharam realmente que iam causar nas suas velhices por conta de alguns desenhos, mal sabia que o mundo ainda se encheria de letras em japonês, estrelinhas, tribais e Moãe Minha Bainha”.

                            obviamente retirado da internet

(Tá, talvez ele não falou exatamente assim, mas foi isso que quis dizer o discurso dele).

Continuando, não vamos atrapalhar o Plant, ele dizia “Isso mesmo, deixem que suas pálpebras caiam com a quantidade de paisagens diferentes que vocês arquivaram de suas viagens... e que suas olheiras reflitam todas as horas que trocaram o sono por olhar o firmamento! Cantem seus hinos e se esqueçam de gravar o show. Chorem. Gritem. Dancem. Esta é a última geração que sabe dançar. É estranha, e quem sabe do que vocês gostariam se tivessem nascido uma década mais tarde? Talvez ótimos artistas da internet. Mas vocês não nasceram e são testemunhas de um tempo bom”.

A música acabou. Ele parou de discursar. Tudo fazia sentido pra mim.

Plant tocou, sei lá, por pouco mais de uma hora talvez. O show foi miseravelmente rápido, mas ele fez tudo como da primeira vez. Ele me deu de bom grado o que queria dar, o resto seria exploração do seu espírito.

Saí de lá com uma certeza:  a Verdade é a deusa mais bonita. 

 
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segunda-feira, 23 de março de 2015

#universo30: Partiu macumba! (parte 1)

                                 vista do Hotel Ilha do Boi

-Heleninhaaaaaa.....
-Quê que foi?
-Acorda, Heleninha....
-Me deixa dormir, Elisa, amanhã começa o festival!
-Eu não vou deixar você dormir, hahahahahahhaha!!!! Você tem que conseguir a ovelha branca pra mim!
-Ovelha, que ovelha?
-A ovelha, Heleninha... branca e azul.
-A ovelha é branca ou é azul?
-Se concentra, Heleninha! A ovelha é branca. Qualquer coisa pergunta pro Fran.
-Tá, tá, agora me deixa dormir!

Novembro de 2013, um dia antes do Vitória Cine Vídeo começar, pela primeira vez eu ia fazer a Coordenação de Produção e a Elisa me aparece. Não sei há quanto tempo ela já havia morrido, mas já era conhecida a lenda entre os que sempre trabalhavam no Festival que ela todos os anos voltava para trabalhar também. Dizem que até os funcionários do Hotel Ilha do Boi, sede do evento, falavam de uma “moça gorda de lábios vermelhos”, a descrição perfeita da beleza abundante de Elisa.


                                                   retirado da internet


No café da amnhã falei do povo do meu sonho. Uma mãe de santo fazia parte dos profissionais e disse que a ovelha era um símbolo de animal na qual os mortos poderiam incorporar. Beleza, mas ela me falara de uma ovelha específica. Que ovelha era essa?

Em meio a uma produção gigante a gente foi à caça, e lógico, a primeira pessoa que fui perguntar era o Fran, ex-marido de Elisa. Havia uma bolsa que ela gostava muito, em formato de ovelha, mas estava em São Paulo, impossível de conseguir. Então que ovelha era essa, gente? Tinha alguma coisa azul, mas não sei direito o que é. Azul? Estranho. A mãe de santo começava a se desesperar, o festival já havia começava e Elisa não aparentava estar com nenhuma paciência com a nossa procura. “Ela vai baixar em mim”, dizia a doce mulher, e a gente sem saber o que fazer no meio de tanto trabalho.

No final do dia surgiu uma solução: vamos FAZER uma ovelha! Saíram atras de bolinhas de algodão e assim saiu essa mistura de carneiro e cachorro naif a qual chamávamos de ovelha.  
                              ovelha naif

Achamos que estava resolvido, a cadeira de Elisa estava separada para ela trabalhar, ninguém podia mexer, muito menos sentar nela, o povo do hotel achando cada vez mais excêntrico esse povo que “mexe com cinema”. Tocamos a produção, conscientes de que Elisa ficaria satisfeita ao menos com nossa tentativa em agradá-la.

Até que lá pelo meio do Festival conversamos com uma amiga de Elisa que dizia saber de qual ovelha se tratava, um bichinho de pelúcia fofo. Com um lenço. Azul.

                                            ovelha oficial!

Substituímos a ovelha naif horrenda pela oficial. Agora Elisa podia trabalhar feliz.


Continua...



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domingo, 15 de março de 2015

#rioaos30FDS: Sampa!

Quanto mais pra Zona Leste de São Paulo você vai, pior vai ficando, até você chegar no Rio de Janeiro.  (Paulista anônimo)

Nem Dante conseguiria imaginar um inferno como uma cidade de fumaça cortada por um rio de merda. (Carioca anônimo)

O melhor de não ser carioca nem paulista é poder rir das duas piadas e não ter que participar de fato dessa rivalidade entre as duas cidades. Elas são sim extremamente diferentes e cada uma deve combinar mais ou menos com estilos de vida peculiares. Mas quer saber? Eu adoro as duas, e acho o máximo elas serem tão opostamente estilosas. Assim posso aproveitar o que cada uma tem de maravilhoso!

Uma coisa que estava doida pra fazer era pegar a Dutra num fim de semana e ir a Sampa. Fiz isso no ano passado, aproveitando o ensejo da Bienal. Escrevo agora porque, SINCERAMENTE, vocês que não foram ao MAIOR EVENTO DE ARTE DA AMÉRICA LATINA não perderam nada, na minha opinião. Aliás, fiquei me perguntando o tempo todo se a qualidade havia mesmo caído ou eu é que não achava mais graça nenhuma naquelas coisas mambembes de TNT, MDF, EVA e tudo quanto é material vagabundo que atende por sigla, com duplo sentido tão óbvio que não fazia cosquinha no cérebro.

Claaaaro que teve uns brilhinhos, tipo isso:


E isso (adooooro):




Mas apostaram tanto nessa Bienal, que seria super polêmica e tal, que minha expectativa ficou frustrada ao ponto de pagarmos estacionamento por duas horas e só usarmos uma para ver tudo. É. Lá a gente paga o estacionamento adiantado. Você tem que PREVER quanto tempo vai ficar, e se passar do prazo, é multado. Uma bela forma de colher um dinheirinho a mais de desavisados como eu, meu namorado e meu fiel escudeiro Alê, três manés que acreditaram piamente que ia ser in-crí-vel. Enfim.

Apesar dessa interessante experiência, coloco aqui minha mão no fogo que é legal passar o fds em São Paulo. Para quem não tá a fim de encarar a Dutra de carro (eu achei a viagem super tranquila, apesar de realmente ter muito caminhão a pista é dupla) e pagar toooooodos os pedágios, pode entrar num bus e ir de última hora mesmo. A viagem dura seis horas e hoje já tem até leito cama (vira uma caminha mesmo, 180 graus! Mas é meio cara a passagem. Ainda mais se comparada às promoções de avião. Apesar disso, se você está com tempo livre pode pegar numa sexta feira à tarde e ir curtindo a paisagem magnífica. A viagem é pela serra, e fiquei encantada com os quadros que se formavam na minha janela. E a rodoviária de lá é ligada ao metrô, uhuuu! , você não para em um lugar distante tendo que dar seu rim para pagar um táxi.

Bem, vamos lá. Para os marinheiros de primeira viagem, vou passar meu roteiro preferido em Sampa! Sempre que possível eu visito a Liberdade, que dá pra ir de metrô. É legal ir no fim de semana, você já sai numa feirinha oriental foda! 



Aliás, pra quem não sabe do que se trata, é uma mini cidade japa no meio de SP. As pessoas falam japonês, comem japonês, e basicamente são japonesas. Tem supermercados com coisa fantásticas que você não tem ideia do que é, sushi vendido em isopor com papel filme, massa sendo frita pela rua. E claro, o Ano Novo Japonês, que tenho uma puta dor de corno de ainda não conhecer.



Não deixe de provar o suco de uva verde que vem com as frutinhas dentro.



Continuando o roteiro, passar pela Paulista é fundamental. Aproveita e salta na estação Trianon-Masp e vá ao museu. Mas vá num dia preparado. De tênis. As pernas gemem de dor, principalmente se forem enraizadas de veias pocadas como as minhas... Porque elas não sabem que estão te segurando pra ver uns Van Gogh, uns Matisse, uns Modigliani, e você se esquece delas exatamente por isso.

Aí fecha a noite dando pinta na Augusta pra ver umas pessoinhas bacanas. É sempre legal. E leve casaco, mesmo no verão, a gente, da praia, não sabe o que é aquilo lá.

Depois, DEPOIS, tipo outro dia, vá ao Museu da Língua Portuguesa. 


É lindo e é na Estação da Luz, que é a Estação para Hogwarts brasileira. 


Não dê muita pinta ali em volta, ouvi dizer que não tá lá essas coisas de segurança.

Pertinho fica o Mercado Central, onde você vai ver frutas lindas e exóticas, petiscos malavilosos e proporcionalmente baratos, e chope do bom. Pode entrar em qualquer fila. Filas não mentem quando o assunto é comida.



Agora, o que eu quero compartilhar mesmo com vocês é a minha última descoberta: o Beco do Batman. Trata-se de um local com ruas tomadas por muros grafitados. Vou te dizer: Muuuuito melhor que a Bienal! Seguem algumas fotos para vocês. E viva Sampa!  


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