Senti culpa.
Senti em todas as cinco cidades nas quais pernoitei na Bahia. Senti todos os
dias. Pensava no tamanho do problema que encararia assim que o ano começasse,
precisamente no dia 1º de fevereiro, já que este ano o carnaval só será em
março. Senti que minha vida estava suspensa, e aproveitei enquanto os cabos
não fossem cortados pela dura, duríssima realidade. A culpa no frescor aumenta
a temperatura da rotina, todos sabem não é? Nem será tão ruim assim, agora que
começou. Só tinha que começar.
2014 veio
com o cavalo de madeira. Sabem, nas passagens de ano eu fico assim, mística,
quase apocalíptica, não importa se a soma dos numerais vai dar num número primo
ou não. Então esse ano eu já estou munida (há bastantes meses, inclusive), do
meu livro personalizado de horóscopo mês a mês e já está no meu quadro imantado
a cola da minha leitura do tarô do ano. Também li cartas para todos os pobres
que aceitaram minha disponibilidade insistente de taróloga voluntária para assuntos
de ano novo, tudo para ter uma ideia geral de como será esse pacotinho de 365
dias, se não me engano sem bissextualidade dessa vez, sempre alardeiam na TV
quando o ano resolve mudar sua orientação com um parafuso a mais, mesmo que
isso, tediosamente, seja repetido ad eternum de quatro em quatro gerações.
Então,
segura peão! Que você está lendo uma pessoa pós-graduada em 2014! Para começar:
esse é o ano do cavalo de madeira, como já disse, só que isso é no horóscopo
chinês. Lá tem uns doze bichos e uns cinco elementos, se não me falha a memória,
que vão se combinando para trazer ao ano lufadas de características parecidas.
Esse cavalinho traz a força para os novos projetos. Então, desengaveta aí
aquela ideia antiga e arregaça as mangas, que se você acreditar, igual quando
passa a estrela cadente, mas só que com muito mais esforço, tipo o esforço de
você pegar uma estrelinha que tava lá parada, olhando pro horizonte, e desse um
peteleco de 700 milhões de quilojoules para ela cair, aaaahhhh, olha só, que sorte, uma estrela cadente, aí
sim os seus projetos se tornarão realidade.
Faz todo o
sentido! Nas minhas leituras de tarô para os outros (e para mim também, tenho
que confessar), saiu um bocado de cartas do piru (isso é uma gíria para quem nasceu
antes do ano de George Orwell, não tem conotação sexual, e se você não sabe qual
é o ano de Orwell, mesmo que tenha menos de 30, deveria se informar melhor, ler
mais livros que tem coisa que é pra todo mundo, meu filho), então, cartas do
piru, tipo A Torre, A Morte, o Dez de Espadas, cartas que
dão o peteleco da estrelinha pra sua vidinha que tava tão lindinha virar um
verdadeiro caos. A boa notícia é que é você quem dá o peteleco!
Eu “inventei”
um método novo de leitura que traz dois baralhos ao mesmo tempo para a mesma
situação, e já deu certo isso, então a gente fica sabendo melhor ainda como se
dará a tal situação, então do lado dessas cartas do piru vinham sempre cartas
muito joias para dar uma contrabalançada na fuzarca, o que significa que todo
mundo vai tentar f*** com a rotina e que isso será muito bom.
Tá se identificando?
Pois bem. Sabem, dizem que essa coisa de uma pessoa ficar doidona pra saber o
futuro nada mais é que uma atitude infortunada de tentar controlar o
incontrolável, ou seja, a vida, o destino, os dias, as horas, caso você esteja
com o probleminha mais avançado, tipo eu. Mas acho que é meio que inofensivo,
se você não pensar demais nisso. O mínimo que pode acontecer é você se sentir
corajoso a fazer uma cagadas, e nisso eu boto muita fé.
Feliz 2014
para vocês!
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