sexta-feira, 18 de abril de 2014

Arte ostentação





Inventei de ir à exposição do Ron Mueck no MAM. Éééé, o Mueck, aquele das pessoas gigantes. Então. Não basta ter que enfrentar mais de uma hora na fila para ver uma exposição. Tem que aguentar as outras pessoas que vão na mesma exposição. Aquele monte de gente adulto velho criança carrinho de bebê tentando abrir espaço em meio à multidão de celulares e gente. Fiquei irritada. Odeio montes de gente.

Coloquei a culpa no FHC. Aaaaahhhh, a porra do real, do frango com iogurte. Chegamos na fase da arte, gente! A arte ostentação. Vejam só a minha tese e se não tenho uma pontinha de razão: Depois que a classe média brasileira começou a comer catupiry, ela acha que pode tudo. Porque pode mesmo! Você pode fazer tudo o que quiser, a única coisa que vai mudar é o número de parcelas do cartão de crédito.

Esse excesso de confiança na gente (nós, a classe média, perdão aí se você é “bem de vida”) fez com que uma mudança drástica acontecesse de uma geração pra outra. Veja bem: lembro que no tempo dos meus pais nem se COGITAVA coisas como férias no exterior ou pagar um milhão de pertrodólares para ir a um show. Se o show custava um milhão de pertrodólares, então não era pra mim. Ou, se eu era MEGA FÃ dos caras, se eram a banda que eu MAIS GOSTAVA NO MUNDO, aí a família fazia uma vaquinha pra que eu fosse. Assim era.

Hoje não. A coisa se inverteu de uma forma que se você NÃO FOR é meio embaraçoso. Como a gente pode sempre dividir no cartão, não existe mais dizer que “estou meio sem grana, não vai rolar”. Agora existe um “não gosto muito dessa banda”, e olhe lá. Você NÃO VAI AO SHOW DO RED HOT? VOCÊ NÃO VAI AO SHOW DA MADONNA? VOCÊ NÃO VAI À PEÇA DA MARIETA SEVERO?

Você tem que ir e tem que ter um smartphone também, para postar pelo um menos uma foto de que foi. Se você não provar ostentar que foi, é porque nem esteve lá. E não adianta querer tirar onda depois não.

Voltemos ao Ron Mueck - GENTE. Eu não conseguia chegar perto das obras. A coisa mais encantadora, que são as expressões, as cenas misteriosas que o cara consegue criar eram constantemente permeadas de gente entrando e ficando tempo demais DE COSTAS PARA AS OBRAS e tapando a minha visão. Para quê?

Para fazer a porra do #artselfieostentação, ué.

Gritei. Ô caralho, tem essas fotos todas na internet, gente! Não funcionou. É lógico. Tem todas as fotos do Ron Mueck, das obras do Ron Mueck, da mãe do Ron Mueck, mas quem é o Ron Mueck senão um ótimo cenógrafo que faz um belo fundo de foto para a minha cena onde em primeiro plano entra EU, o grande artista afinal de contas, não é mesmo?

Aí veio também arte selfie ostentação das madame. Um monte de madame fazendo fila para tirar foto do lado das grandes letras escritas na parede, “RON MUECK”. WTF???? Você está tirando fotos do lado do nome do ACLAMADÍSSIMO RON MUECK, aquele mesmo que até aparecer no Jornal Hoje ninguém tinha ideia de que cor era o nariz?
Aff....

Praguejei o nome das pessoas que deixaram fazer fotos. Detalhe: não podia tirar com flash.  Pobres coitados dos estudantes de arte que tentavam em vão explicar isso aos lobos famintos do instagram com seus corby a postos, atentos a qualquer facho de luz que fizesse a falta de resolução ficar levemente disfarçada.

Escorreu preconceito aqui, tá bom. Já disse um ator certa vez para mim, “se a Globo faz a fila de gente triplicar pra ver uma peça (ou, nesse caso, assistir a uma exposição), que seja”. Os fins, nesse caso específico, justificam os meios. Mas vou te dizer: onde arranjo a caralha da paciência pra aguentar até esse povo todo entender que é uma baita falta de educação você achar que pode ficar o tempo que quiser tentando fazer a melhor pose na frente de uma obra enquanto 1254851346554 pessoas estão atrás loucas pra olhar um pedacinho que seja da dita cuja? Porque, sinceramente, eu vi todas as peças assim. De pedacinho em pedacinho. Depois juntava na minha cabeça.

Voltei à exposição para levar meus pais. Claro, eles têm mais de 60 anos, nem por cima do meu cadáver eu enfrentaria aquela fila de novo. Papai me perguntou de onde o Mueck era (sim, a maldição das perguntas insanas permanece para todo o sempre amém) e eu disse “Acho que é sueco”, que bom que existe a expressão “acho que”, porque ela te permite colocar qualquer coisa do lado dela, até uma palavra como “sueco” no lugar de “australiano”.

Então gente, por pura rebeldia eu não fiz fotos.
Pelo menos não muitas.
Pelo menos não comigo na frente.

Serviço:
Vá lá e não tire tantas fotos! As obras são lindas também!
O MAM fica no aterro. Salte na Cinelândia e vá em direção ao aterro, atravesse na passarela que você estará na frente.
O valor é R$ 14,00 inteira, R$ 7,00 meia para estudantes e idosos.
Dá pra comprar pela internet com antecedência e a fila é MUITO menor.
Entra aqui e compra http://www.mamrio.com.br/
Se não der, compre um velho na fila. Senão você vai ficar mais de uma hora esperando.

Aproveita pra ver outras coisas! Na exposição “A inusitada coleção de Sylvio Perlstein” tem obras de Magritte, Dalí e Duchamp no mesmo prédio. E este é um segredo que apenas dez porcento de quem vai lá ostentar com o Mueck descobre, então aproveita a diquinha!

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sexta-feira, 11 de abril de 2014

Roteiro de um dia no Rio: Morro do Leme + pôr-do-sol



Ainda estava no horário de verão quando gravei esse vídeo. Lua e Quito são os companheiros desse dia ressaqueado e confuso que vencemos fazendo uma coisa super saudável: subir o Morro do Leme (que fica lá no cantinho à esquerda de Copacabana, é só andar até o final MESMO) e depois apreciar esse programa tão querido dos cariocas que é ver o pôr-do-sol. E nós só não batemos palmas porque estávamos com uma cerveja na mão.

Importante saber:
*A vista é linda, a "trilha" realmente é só um caminho. Só imbecis ressaqueados como nós parariam no meio do caminho para pegar um ar. 

*Não esqueça o papelzinho escroto que eles chamam de ingresso. 

*Leve água em estado líquido.

*Para informações sobre o quadriciclo, visite esse site: http://www.rio.rj.gov.br/web/riotur/exibeconteudo?id=1182160

*Para informações mais próximas da realidade sobre o Cristo Redentor e sua criação acesse http://pt.wikipedia.org/wiki/Cristo_Redentor


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