Rá! Eu estava louca de vontade de começar um texto com uma
frase autoajuda, gente, não me contive. Mas vamos lá.
Desde que comecei esse blog, disse que vim pro Rio para
ampliar meus horizontes. Obviamente isso tinha mais a ver com a esfera
profissional do que tudo. Só não tinha abordado ainda o tema trabalho porque
invariavelmente preciso ruminar as coisas antes mandá-las ao vento. Dito isso,
recomendo que vocês leiam o post “O glamour da produção” antes desse, porque
gosto de coisas cronológicas e porque vai ajudar o entendimento. Ou não,
foda-se também, quem sou eu pra dizer que post você tem que ler antes.
Bem, estava eu já instalada aqui no Rio, e com algum
dinheiro em caixa que fiz de freelas. Podia me dar ao luxo de pensar no que
queria trabalhar aqui, sem ter que atirar meu currículo pelos quatro cantos de
tudo quanto é loja de sapato (até porque, socorro, eu não venderia algum).
Sempre gostei de TV fechada, e a bolsa da Dilma veio a calhar (pra quem não
sabe, a presidente colocou uma cota que estabelece uma quantia mínima de tempo
de produção nacional nas TVs fechadas. Ééééé, é por isso mesmo que você tá
vendo um monte de porcaria na sua tevezinha fechada preferida agora!!!!!
Descobriu!!!! Mas tem um monte de coisa boa também, e como eu faço parte do
grupo beneficiado tenho que agradecer à Dilma. Obrigada, Dilma).
Daí que comecei a conversar com as pessoas, beber cerveja, e
se quer uma dica, aqui no Rio é assim que se faz negócio. Não enviei um
currículo sequer a quem não pediu expressamente para um trabalho no qual julgou
que eu me encaixaria. Essa estratégia acabou me levando a trabalhar com um
amigo, virou amigo agora, pra ser mais precisa, um cara que já trabalhou comigo
em Vitória, em outra função, mas na mesma rede. Ele, com um sócio, estavam
estruturando uma produtora e me “adotaram”. Foi isso. Não sei até que ponto isso
tinha a ver com a real necessidade de uma jornalista lá dentro, ou se foi o
espírito que bateu, mas o fato é que já havia uma equipe formada e eles me
colocaram pra dentro. Sabe o que isso significa?
Entrar em uma equipe de TV é mais ou menos tentar fazer
parte de uma alcateia já formada. Logo que você tentar entrar, todo mundo vem
cheirar o seu rabo, só pra poder dizer que fede. Todo mundo vai brigar com
você, ou pelo menos discutir, só pra medir o seu limite, o tamanho da sua força,
os seus dentes. Todo mundo quer saber se
você pode feder a ponto de virar um macho alfa. Aliás, esse mundo é tipicamente
masculino, é bom reduzir a feminilidade ao bastão do batom ou você pode se dar
mal...
Mas depois que a alcateia está formada ela vira uma
fortaleza. Trabalhar na rua, com todos os obstáculos diários, é impossível se
não for assim. Então, regra número 1: nunca, jamais, em tempo algum contradiga
o que um companheiro de trabalho disse para uma terceira pessoa. Depois você
vai lá tentar entender com ele porque ele disse aquilo, mas roupa suja se lava
em casa!
Regra número 2: tente ao máximo não extrapolar a sua função.
Isso não é proatividade, aliás, é sim, e proatividade é uma merda. Fique na
sua, que todo mundo ali sabe o que tem que fazer e cada um faz a sua função
melhor do que você faria.
Regra número 3: reafirme os laços. Beba com seus colegas de
trabalho. Retire os piolhos deles.
Não sei pra quê estou falando isso, mas enfim, essas são regras de ouro para mim, porque eu já me f*** muito
quando não as segui e porque estou me sentindo muito bem sucedida, já
que acabei de ser aceita em mais um grupo, e esse grupo é realmente especial.
Claro, todo trabalho tem seus poréns, mas o fato é que caí numa alcateia de
lobos anômalos. O produtor não é frustrado, pelo contrário, acabou de chegar
aos 30 e me parece bem satisfeito na sua função. O câmera não reclama. ELE NÃO
RECLAMA! (Isso pra mim já não é anomalia, é um milagre, só não é mais
miraculoso porque ele não fala nada, então não reclamar é só uma extensão da
sua personalidade). O editor não reclama que falta imagem, nem que sobra.
Aliás, o editor é macho alfa da gang, o que é a maior anomalia que já vi. O outro
alfa é o cara que cuida das contas e das pessoas, um pseudo-z... ah, deixa pra
lá.
Esse povo tinha uma ideia na cabeça e uma produtora nas
mãos. E calhou de me convidarem para um projeto independente (projeto
independente é o que você gosta de fazer, mas não recebe por isso) em formato
de TV para internet. Claro, torci o bico pra dentro, sorri por fora, mas fui me
acostumando à ideia. Eu gostava de TV fechada por falar com um público
específico, isso traz muita liberdade. Agora... TV pra internet é muito foda,
gente! Não impõe nada para as pessoas, é de graça, se você gosta do produto se
sente bem em compartilhar, se você não gosta, simplesmente não assiste. Tão
inteligente! Me apaixonei pelo conceito todo, e por isso também voltei a escrever.
E meio ainda sozinha, numa água de março a gente começou a
gravar, e como pau e pedra correm juntos quando estão no mesmo rio, tudo acabou
virando uma coisa só. Fazia todo sentido. Tudo é Rio. Tudo é 30. E nessa idade,
eu já não aguento muito mais falar sem ser abordada pelas minhas próprias
palavras DEPOIS, que saem sem permissão alguma, então tinha mesmo que ser livre.
Demorou, porque projeto independente demora mesmo, porque você tem que colocar
as coisas que pagam as contas antes e porque você não tem o menor motivo de
fazer aquilo, então que seja bom de fazer. E o resultado é que agora o blog
ganha um braço, que é um canal de TV no Youtube.
Nesse canal traremos registros de programas para se fazer no
Rio que fogem da mesmice. Tudo com os olhos de alguns balzaquianos que gostam
de comida bem feita, cerveja importada, lugares e pessoas interessantes. Ah, e todos
são fãs incondicionais de Anthony Bourdain.
Espero sinceramente que gostem, porque vocês trilharam esse
caminho comigo até aqui. Se não gostarem, gritem, que talvez eu escute no
ouvido bom. E se fé é subir o primeiro degrau sem conseguir ver o resto da
escada, tá tudo bem, né? Pode ser só problema de vista. Mas que dê pra gente ver
o início, pelo menos.
***
Servicinho básico:
Agora o blog Rio aos 30 tem três produtos: o blog, o canal
na internet (youtube.com/rioaos30) e a página no Facebook
(facebook.com/rioaos30).
O blog continuará trazendo textos sobre esse universo de
mudança, de Rio, de 30 anos. Independente do programa. Mas também vai trazer um
texto referente ao lugar que conhecemos, para quem quiser o registro escrito.
Já a página no Facebook será alimentada com informações diversas, serviço dos
passeios, a trilha musical dos programas, fotos, etc. E o canal, obviamente,
será a casa dos registros audiovisuais.
A equipe também pediu que eu fizesse uma apresentação à la Bell Marques, missão que eu cumpri com mestria, então aqui http://www.youtube.com/watch?v=dMpc445l6Ts
já tem um teaser demoníaco para vocês verem o que acontece quando a gente escreve o que pensa. As pessoas se vingam da gente. E nesse caso, foi o editor, que é Deus na televisão, ele faz o que quer e cria verdades (espero que essa frase melhore a nossa relação daqui pra frente).
já tem um teaser demoníaco para vocês verem o que acontece quando a gente escreve o que pensa. As pessoas se vingam da gente. E nesse caso, foi o editor, que é Deus na televisão, ele faz o que quer e cria verdades (espero que essa frase melhore a nossa relação daqui pra frente).
No mais, continuamos nos falando pelo Facebook, e ah, sim, estreamos semana que vem!
Conheça a autora
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