Sabe, eu e
meu namorado não gostamos de Niterói. Primeiro vou contar essa historinha para
vocês entenderem o preconceito com o qual já fui para a pauta, apesar de ter a
cabeça aberta, amar frutos do mar e achar meu namorado às vezes muito exagerado.
Vamos lá.
Mudamos
para o Rio, meu namorado havia sido chamado para trabalhar no Centro, eu
encontrei um apê legal na Tijuca, a vinte minutos de ônibus do serviço dele. Tudo
perfeito, até que a empresa resolveu que ele deveria ser transferido para a nova
filial que abria em Niterói. Porran... O que eram vinte minutos viraram três a
quatro horas diárias de locomoção que envolvia quatro ônibus e duas barcas, ida
e volta. Rapidinho ele ficou estressadão e começou a achar Niterói uma merda.
Aí você, como todo mundo em volta de mim, pergunta: então porque você não muda
pra Niterói, se o valor do aluguel é bem mais barato lá? Porque eu não saí de
Vitória para morar em Vila Velha, oras.
Sem
preconceito. Sei que a questão aqui é Canon-Nikon, seu cu vai te dizer qual
você gosta mais. Conheço várias pessoas que moram em Vila Velha e sei porque
eles não trocam a cidade por nada: belas praias, bons bares, tem tudo em volta
e um jeitinho mais bacana de lidar com as pessoas, os vizinhos, uma coisa de
cidade que não é capital. Mas eu sei também porque os “Vitorianos” vestem a
camisa. Porque para a gente, sinto muito, os canelas-verde sofrerão sempre de
um “quase”. E tá explicado.
Foi com
essa doçura na alma que entrei na barca para chegar à quase cidade de Niterói
para descobrir o tal famoso mercado de peixe, realmente muito bem falado e
conhecido no Rio. A chegada tem uma vista bacana das coisas que Niemeyer
desenhou por lá. Mas logo a gente chega numa cidade que me pareceu árida, sem
árvores, sem vontade de cantar uma bela canção. Estava um calor senegalês e
isso ficou impresso na minha memória (não que o Rio tenha tantas árvores assim,
aliás precisaria de uma floresta amazônica para diminuir alguns graus no clima
do capeta que essa cidade tem, mas voltemos a falar mal de Niterói que é esse o
papo, eu sempre devaneio meu Deus).
Fomos caminhando
até o mercado de peixe que é mesmo igual a qualquer outro do mundo: cheio de
azulejo e fedorento. Até que pouco fedorento, haja vista o calor e a
matéria-prima do lugar, o que determina de cara o frescor dos peixes
comercializados por lá.
O mercado
tem diversas bancas com lindos linguados, corvinas, cavaquinhas, vermelhos, polvos,
lulas, caranguejos de “Marataíze”, ostras vivas gigantes pulsando dentro das
suas aconchegantes conchinhas e lá no fundão um altarzinho para São Pedro
abençoar a galera do mar. Isso é no primeiro andar. No segundo tem um monte de
restaurantes, alguns maiores, outros com cara de botecos improvisados, o que,
pelo menos no Rio, pode ser um indício de comida simples e boa. Isso sem esquecer
a escada que liga os dois andares, porcamente decorada com um aquário moribundo
com peixes geneticamente modificados pelo lodo acumulado na caixa de vidro por anos,
não, por eras, aqueles peixes conversaram com São Pedro pelo que consegui ver através
da verde cortina de musgo.
Escolhemos
um restaurante maiorzinho, que dava para a bela vista (not) de fora. Ele tinha
uma parede de vidro que ajudava a iluminação para a gravação, só por isso sentamos
ali. A experiência não foi das melhores, para falar a verdade. Eu não sabia que
tinha que avisar ao cozinheiro que não adianta ter um belo peixe fresco se você
emborca o bicho na mesma gordura paleolítica do pastel de linguiça de porco. Quanta
tradição!
Aliás, tem
uma coisa bem bacana no mercado: você pode comprar o seu peixe lá mesmo e, por
uma taxa, eles preparam para você. Acaba saindo o mesmo preço, mas pelo menos
você viu a cara dele antes. O que não significa muita coisa se, repetindo, você
é um imbecil que escolhe o restaurante pela luz e não pelo chef. E eu também
não acho que os donos de restaurantes realmente preferirão comprar o peixe fora
do mercado, então você pode estar trocando sovaco por axila, mas quem sabe ele
não reservou aquele que não vendeu na semana passada para você, não é? Hum.
Serviço:
As ostras
custam R$ 3,00 a unidade.
O Mac
Donald’s é no caminho de volta para a barca.
*Ainda não
viu esse programa? Vai lá!
*Deixa de
ser preguiçoso e vai lá curtir a página do programa no facebook, porra!
Conheça a autora
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