sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Shoppings e guetos



Sabia? Dá pra descobrir muito sobre um local indo ao shopping de lá. Não é tipo “um shopping do Rio” que estou dizendo. É mais “um shopping da Zona Norte”, ou “um shopping da Barra”. Nunca fui de fazer turismo em shopping, mas morando aqui já fui em alguns e posso dizer que eu estava enganada, eles não são todos iguais.

Vou começar pelo Rio sul, porque se tem algum shopping que é “um shopping do Rio”, é o Rio Sul. Ali no hemisfério Botafogo-Copacabana, ele é um típico centro blaseé de turista que precisa resolver alguma coisa ou passar o tempo. É igual a qualquer outro do mundo, digo, dos mais tradicionais, e a única coisa que muda é uma pintura muito, muito feia na fachada desse shopping em especial que te lembra “ah, é o Rio Sul, tem a pintura feia”.

Já fui também no shopping Tijuca, obviamente, já que é o mais perto da minha casa. Ali sim tem a cara da Tijuca! Aquele montaréu de gente entupindo a praça de alimentação o tempo todo. O cinema, então, nem se fala... Todo tijucano adora um shopping, deve ser o trauma da praia ser longe, mas ainda ter um dinheirinho no bolso pra gastar com lazer. Dá nisso... Os cinemas desse shopping são os mais frequentados DO BRASEEL, minha gente. Cheio de gente que se arruma pra ir em shopping, cheio de fila porque não compra pela internet, cheio de filme de Homem Aranha. Insuportável.

Mais pro lado de lá tem o Iguatemi, que é a alegria de quem mora em Vila Isabel. Mas o cinema não é tão bom assim, já me avisaram. Não é tão 3D, e já que pra furunfar no cinemão hollywoodiano, que tenha uma boa pipoca com gosto de glutamato monossódico e um três dezão. É um pouquinho mais classecê, mas ainda não fui em um shopping beeeeeemmmm classecê pra dizer, deve ter algum voltado mais especificamente ainda para esse público, esse povo tipo eu e você.

Mas se você quer fazer uma viagem antropológica pelo mundo da riqueza, aaaaaaaaaaaaaahhhhh, se prepara que eu guardei o melhor pro final. Dizem que existe um shopping muito, muito rico aqui no Rio, é o Fashion Mall, ali em São Conrado. Nunca fui, mas entra no site que você vai entender, tem hashtags #must have, sessão de instagram do shopping e o link “praça de alimentação” se transforma em “gastronomia”. E tem outro que é mais rico: é o Village Mall, na Barra da Tijuca.

Obviamente que fui lá no Village Mall para outro assunto, qual seja, assistir a uma peça de teatro, e me deparei com o doce mundo da riqueza. É legal, gente. Sinto muitíssimo, mas é legal. Aquele chão de quadrados gigantes de porcelanato brilhante. Aquele pé direito altíssimo com obras de arte que te fazem olhar o céu. Aquele céu, que aparece porque o teto é de vidro. Aquele chão de madeira da praça de... gastronomia, com aqueles restaurantes que combinam com aquelas lojas, Prada, Armani, Gucci, tudo um do ladim da outra, igualzinho no Saara, só que não. O silêncio que se escuta lá...  é tão gostoso! Porque pobre gosta de gritar tanto, gente? Rico fala baixinho, a música é tipo... ambiente, aposto que foram lá pra gravar os passarinhos que cantam no metrô. Aqui na Tijuca a gente só ouve uma massa grossa de mil vozes, criança chorando, bandejão de comida caindo no chão e arara, não é passarinho, piu piu piu, não, é AAAaaa AAAAaaa das araras da floresta da Tijuca, achei tão bonitinho e selvagem na primeira semana, agora podem matar essas malditas aves do inferno, pior que elas só as malditíssimas calopsitas piando a porra do hino do Flamengo sem parar.

Não.... vamos voltar pro shopping silencioso! Aí que lá você tem que ir no banheiro. Sabe? Não precisa tocar em nada, que quem precisa tocar em tudo é pobre. Você chega lá e a descarga é por sensor. Tem cheirinho de banheiro limpinho. E tem as moças dos serviços gerais, hahaha, essa é a melhor, gente, vocês TÊM QUE IR LÁ só pra isso, elas vestem uniforme de empregada da novela das oito, tipo Nina, juro pra vocês.

Quero ter mais algum motivo pra ir pra lá, que é tudo tão maravilhoso, mas é na Barra.

 

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