sexta-feira, 28 de junho de 2013

De como eu sempre me f*$##&*


Prólogo

Comprovei. Toda vez que a gente vai fazer alguma coisa pela primeira vez, é 90% de chance ou algum número parecido de alguma coisa dar errada no processo. E quando a gente muda para outra cidade, é 99% de chance de você ter que fazer uma coisa pela primeira vez todo dia. Faz as contas? É muita m*** que dá numa vida só em pouquíssimo tempo. Por isso, outro dia, escrevi o texto abaixo. Já tem um tempinho, mas acho que define bem como as coisas cotidianas podem ser potencialmente desastrosas. Demorei a postar porque tinha que fechar as palavras tristes, pois que agora venham as infernais.

(Advirto que esse texto tem muito palavrão, se você não fala nem lê palavrão, não leia esse texto)

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Hoje eu tive que ir ao cartório. Precisava fazer uma procuração para resolver um lance sobre a captação de patrocínio para um filme que estou fazendo – não comecei ainda, tenho um roteiro, meio quebradiço, e o direito divino de que alguma empresa me dê dinheiro para fazê-lo, e uma empresa já concordou com isso, então voltando, precisava dar a meu pai, o aposentado mais próximo, poder para ser meu representante, e antes que pudesse estender minha espada por cima de seus ombros e nomeá-lo meu fiel cavaleiro, ah,  essa seria uma história linda, mas eles só querem o raio do carimbo do cartório dizendo que fui eu que assinei.

Voltando, tive que ir ao cartório. Como toda novata, quis ter certeza absolutíssima que a melhor forma de chegar lá era pelo metrô (parecia óbvio, o cartório fica na Praça General Osório, em Ipanema, onde tem uma estação, e perto da minha casa também tem uma estação, qual a dificuldade porra? Nenhuma. Só... curiosidade. É assim que a gente aprende as coisas. (Fora que fiquei viciada em Google Maps, e não vou mais ao hortifruti sem ter CERTEZA do melhor caminho. E, finalizando, para falar a verdade, prefiro andar de ônibus no Rio, mas essa já é outra história).

Mas sim, o Google Maps disse pra mim que o metrô tava de boa. O céu tava prometendo chuva, mas eu pensei, a estação é na praça, o correio é do outro lado da praça, se rolar uma chuvinha rolou, não vou me molhar muito, é melhor do que andar com um guarda-chuva a tiracolo o tempo todo. E fui lá, toda serelepe e orgulhosa porque não deixei pra fazer amanhã o que é chato demais para ser feito em qualquer ocasião.

Algumas estações depois que me acomodei inclusive sentada (OOOOOOOHHHHHHH, no metrô, sentadinha) e ouvi aquela voz do além (será que é o condutor que fala com a gente? Tem a voz bonita, podia ser locutor. Ou será que tem um locutor? Sempre é tão parecido, parece gravado. Condutor de metrô se chama condutor mesmo?) e aí ele disse “Por conta da construção da nova linha, as estações Cantagalo e General Osório estão fechadas. A estação terminal é Siqueira Campos”. Mmmeeeeeeeeeerrrrrrrrrrrdddaaaaaaaaaaaaaaaaaa, lógico, eu sempre me fodo nesse Rio de Janeiro, caralho, se fosse de carro não seria diferente, ia me perder o tempo inteiro, mas a porra do Google Maps, esse burro nunca consegue ser espontâneo e saber desses imprevistos, imprevisto, aliás, é o caralho, essa nova linha só vai sair nas Olimpíadas e a porra do Google Maps não vai ficar sabendo. Tá bom, eu pego aquele ônibuzinho escroto que eles têm a coragem de chamar de metrô de superfície. Niquiquando o condutor, com sua voz de seda, manda outro recado, “por conta da greve dos rodoviários, o serviço de metrô na superfície temporariamente  não está funcionando”. MMMMmmmeeeeeeeeeeeeeerrrrrrrdddddddddddddaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, vou andando, adoro caminhar, J)) EEEEEE como sou positiva! Não faço a menor ideia de qual é a distância, mas vai ser bom, ver coisas novas... (positiva ou bipolar, tanto faz, mas é melhor aprender a sorrir rápido quando as merdas começam a desencadear).

Saltei na Siqueira Campos (estação que odeio, por sinal, a cara de Copacabana, com aquele monte de vitrine de vestido mal feito, sapato maquiagem ambulante, todo mundo se esbarra, não tem calçada, só ruas e avenidas enooooooorrmessss e um monte, um monte, um monte de gente e fui andando, pra não pensar em mais nada, e a chuva começa a cair fininho, depois vai engrossando, e BBBBÓÓÓÓÓÓO na minha cabeça, POOOORRRRRRRRRAAAAA CARALEEOOOOO saí de casa às duas e meia, são quatro horas e nem chance de estar perto dessa bodega desse cartório, já passou da hora de comer meu lanchinho da tarde, I’m a thirtynager, tenho que comer na hora pra não virar um baiacu, diminuir o meu metabolismo que deve estar fazendo 70 anos, vamos parar nessa birosca, vai ser gostosinho comer um lanche, descansar minhas pernas, ai como sou positiva, porque, meu Deus, POR QUE as pessoas colocam açúcar no suco??? O lugar é descolado, Copacabana lifestyle, cheio de suco verde, pedi um simples minas quente (é como os cariocas chamam pão com queijo minas na chapa), veio no pão integral, se o cara imaginou que estou tentando manter o peso aqui, POR QUE DEMÔNIOS ELE ACHOU QUE EU IA QUERER UM SUCO DE MELANCIA COM AÇÚÚCARAAAAA????

De doce basta a vida, e vamos que vamos que o caminho é looooongo, não sem antes parar no “shopping da China”, esse era o nome da loja de $1.99, engraçado né? Esse nome ficou, mesmo que hoje nada mais valha $1.99, e comprar, no caso, uma sombrinha horrível, por $5.99.

Cheguei em casa às 18h. Voltei de ônibus (lotado, por conta da greve dos Rodoviários). Moral da história? Às vezes, querer deixar pra fazer amanhã pode não ser preguiça. Pode ser intuição. Pode ser seu coraçãozinho escutando a voz do Universo dizendo que hoje não tá legal. Mas se você não conseguir ouvir uma voz poderosa dessa,  pelo menos leva um guarda-chuva quando o tempo estiver fechando.

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SERVIÇO: segundo o Google Maps, a distância entre a Estação Siqueira Campos e a Praça General Osório é de 2.8km, o que dá um tempo de 34 minutos de caminhada.

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