quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Turistando - sobre as gravações do Rio aos 30 #01




O primeiro é pra ser gongado
Ter ideias até que é fácil. Difícil é estruturar, botar em prática. Começar, então, é sempre um desafio, seja lá onde você quer se meter. Com o Rio aos 30 não foi diferente, e o tema do primeiro programa não surgiu de uma hora para outra. Na verdade, já havíamos gravado alguns quando tivemos a ideia de fazer exatamente o oposto para abrir os trabalhos. Um dia inteiro de tursimo bundão. Já começamos a rir só de imaginar a equipe gravando nos lugares mais espalhafatosos, gringos e azerbaijanos do Rio.

No Pão de Açúcar
A gente saiu para gravar num sábado de manhã, e é verdade que os cariocas são super proativos. Um monte de gente encalacrada na pedra do bondinho logo de manhã é uma coisa que choca a gente. Aquele monte de bagulho sendo vendido, não maconha, bagulho mesmo, aquelas sombrinhas com cenas de cartões-postais da cidade, horroroso, quem compra aquilo, gente? E depois a companhia aérea ainda vai achar que se trata de uma arma, e de certa forma eles têm razão.

Entra numa fila, tudo bem, por aqui se descobre rápido que coisas boas têm fila, aaaaaaaaaaaaaaahhhhhh, então você tá me dizendo que o bondinho é uma coisa boa? É sim, eu acho uma coisa boa, não é porque é ridiculamente voltado para os turistas que não seja bom, os turistas têm cérebro, mesmo que refrito por ácidos e álcool eles têm cérebro, eles sabem o que é bom, e um treco que te sobe para você apreciar uma bela vista ao invés de te atracar com uma pedra quente às sete da manhã de sábado não é bom não, é ótimo.   

Chegando aos pontos, só dá pra dar graças a Deus que a equipe é formada também de cariocas. As descobertas são de verdade, tipo, se ninguém me avisasse eu REALMENTE ia fazer a trilha até o nível do mar de novo. É mesmo mal sinalizado, e os serviços surgiram de necessidades que eu ia encontrando de não me perder por aí... (Pode até ser que eu seja meio lenta para perceber as coisas, mas duvido muito que turistas com o c* cheio de cana de uma semana seriam mais espertos do que eu).

Bom, a esse serviço segue-se o povo fala mais inútil que já se fez em toda a história do audiovisual brasileiro, com aqueles proativos felizes que estão, ou não, todos os fins de semana escalando as pedras do Rio de Janeiro, com pessoas de fora, e também de brasileiros, já que estamos dentro do Brasil.

E aí descubro que minha voz fica muito estranha quando dou urros de alegria, o que pode acontecer com a visão de um creme para as mãos de graça. Quando digo que apresentadores não têm a menor noção de como vai sair essa porra no ar, é disso que estou falando, e a gente só descobre junto com todo mundo , ah, como gravar pode ser gratificante, a gente aprende muitas coisas. (E se alguém aí está curioso, ainda não conseguimos o patrocínio da Natura).

Gente, os pratinhos. Os-pra-ti-nhos. Os pratinhos são feitos com fotomontagens horrendas. As imagens (vendidas também), são tipo, não consigo nem descrever.  São tipo de pessoas photoshopicamente sentadas na mão do Cristo, ou em cima do morro da Urca, ou tomando banho na Lagoa. Um horror.

Em Copa
O lance do espetinho de camarão é o seguinte: sempre quis comer aquilo. Quem nunca? É uma das coisas mais esteticamente bonitas pro meu paladar. Camarões gigantes e vermelhos passeando pelo céu da minha boca enquanto olho o mar, é de chorar de vontade. Mas lógico que rola aí um trauma: minha mãe NUNCA deixou eu comer esse troço. Nunca nunca nunca nunca nunca. (Daí que quando eu saí de casa, um belo dia, passou um desses vendedores na minha frente e eu não resisti. Como um símbolo máximo da minha rebeldia e independência recém adquirirda, comprei um espetinho. Óbvio que no mesmo instante liguei para ela e contei. Ela, do outro lado da linha, ainda tentava me impedir da loucura: “nãããããão, minha filha, não coma isso!!! Não coma o espetinho de camarão!!!!”, “vou comer sim, a vida é minha e faço dela o que eu quiser”. Eu não morri, mas tenho certeza absoluta que Deus só fornece uma chance para cada ser humano experimentar a iguaria. E olha que eu sou do tipinho que come ostra crua. Ah! Declaração importantíssima: é mais bonito que bom).

Uma das coisas mais legais de fazer quando se vai para Copa é passar por gringo. Se você não tiver uma cara muuuuuito de brasileiro, seja lá ela qual for, vão te tomar por gringo. Daí é só não falar muito, deixar os ambulantes falando sozinho em inglês. É super divertido. (Minha nacionalidade avatar no Rio é francesa, tá gente?)

Uma coisa que PRECISO desabafar dessa gravação é que a piada infame do Lelek line não é minha. NÃO É MINHAAAAAAAA!!! HAHAHAHAHAHHAAHHAHA! Foi o produtor que mandou essa, e eu não resisti e falei, mas não foi ideia minha, eu juro, hahahahahahah!!

No Cristo
O Cristo é legal. Gravamos tudo no mesmo dia, eu já estava um bagaço, mas o pôr-do-sol que pegamos foi realmente incrível. Sempre dá para você se divertir tentando sair de penetra nas fotos dos outros, e é bom que você tenha metas mesmo, senão pode cair num mau humor tremendo, eu que detesto esse monte de gente se encostando para ver as coisas com certeza teria desistido se não fosse a gravação (ahhhhhh, como é bom, tá vendo? Gravar é ótimo), e infelizmente não deu para vocês entenderem a piada “deita no chão, Beto”, Beto tem uns quinze metros de altura, ele não deitou no chão, mas seria ótimo ver isso.

Serviço:
Vá de blusa com mangas no Cristo. As banhas do braço ficam horríveis na foto de baixo para cima.

Epílogo
(Uriel, o editor, falando com o cara do som): -Carlão, tem como você arranjar uma base para introduzir um punk rock?

(Carlão): Olha Uri, punk rock é um estilo... conhecido por... não ter introduções, e tal.

(Uriel): Pô, mas preciso de uma base aqui. Qual é o nome dessa música, Helena?

(Helena): Éééé... “urubus não têm ressaca”.

(Uriel): “urubus... não... têm...”


(Helena): Você tá mesmo procurando ESSA MÚSICA no GOOGLE?         

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