Uma das maiores falácias que o homem inventou foi que
“aprender é bom”. Aprender é uma merda, gente. Bom é já saber.
Meu texto de hoje é baseado nessa mentira descabida que
estão por aí reproduzindo há séculos. Vou botar minha boca no trombone pra
falar o que todo mundo sabe, mas continua repetindo o oposto. Aprender é
horrível, dolorido, impetuoso, no mínimo chato. Parei de frequentar aulas de
inglês porque achava insuportável aprender uma língua em regras estampadas em
caixinhas verdes. Boring, boring, boring. E se você tem dificuldade na
Matemática pode decorar a tabuada, saber a tabuada é muito bom, mas você não
pode decorar, tem que INTERPRETAR a tabuada, como faz isso? Mais uma mentira,
socorro papai do céu, como sou burra, não consigo INTERPRETAR a tabuada, É
PORQUE É IMPOSSÍVEL FAZER ISSO MINHA, FILHA. Pode entrar no Kumon, também, que
é a versão nazista dessa pseudo-interpretação. Joia.
Ou aprender Português. Você pode ler livros, não aprender
Português. Você tem que falar, e ler, e falar, e escrever, e uma hora começa a
cometer menos erros. (E o google também ajuda).
Mas isso tudo é na parte fácil da vida, porque também tem a
difícil, tem quando a gente precisa aprender a lidar com PESSOAS. Isso sim é
complicado. Porque PESSOAS são seres estranhos e indecifráveis. E
imprevisíveis. Quando você chora e pede pelamordedeus, a maioria lambe os
beiços para tacar sua cara no meio fio. Isso depois de ter passado o caminhão em cima
de você. E um cachorro ter mijado no seu olho direito.
Estou escrevendo assim, desse meu jeito doce, porque fui atropelada
há pouco tempo. Sabe quando parece que a gente já viveu demais para não
acreditar não ter previsto o furacão? O tempo virou na minha cabeça, nuvens
pretas carregadas de duendes saltitantes dizendo “toma cuidado, minha filha”, e
eu fui lá, com um guarda-chuva feito de metal pra escorrer melhor o raio pra
minha cabeça. Se foi ruim? Foi horrível.
Mas... aquela coisa. É ruim aprender, mas péssimo não ter
vivido. Por isso, não trocaria por nada, sei que tive, na verdade, uma bela de
uma oportunidade. Já estava sabendo, Osho tinha me contado. “Veja a destruição
como se fosse com outra pessoa”, ele me avisou ao pé do ouvido. Tentei o máximo
que pude, e permaneci em pé.
É muito difícil aprender, mas saber é uma das coisas mais
gratificantes que existem, e é só por isso que a gente se fode. O tsunami
arrancou tudo em volta, mas depois caíram algumas flores em volta de mim, com cara de bênção e raiz forte o bastante
para replantar. Dessa vez saberei onde, quando, em qual lua, um monte de coisa
que só quem foi atropelado sabe. Que bom.
Sabia, sabia, sabia que tem gente que vai te abraçar no fim
do mundo?
Agora estou aqui, só agora, ainda bem, deu tempo de
rearranjar um pouco as coisas, mas agora estou assim, gripada com aquela gripe que
te atropela, mas agora você não permanece em pé de jeito nenhum, ela te faz
cair para você lembrar que tem esse direito, nem que seja distante, escondido. Tenho
trinta anos e já sei que esse é o tempo da Terra para a recuperação. Dói o
corpo, a cabeça. Parece que você está constantemente bêbado, só que de meleca. Ah, é assim, é assim que a gente se sente. Sua boba, precisa
dessas firulas, uma dosezinha de autopiedade só para ficar preguiçando com
alguma desculpa boa. Dá é graças a Deus de você não bater ponto, ninguém ia te
permitir isso não, tá? Tá, mas provavelmente eu não seria tão atropelada assim
também, ora bolas.
Enquanto isso eu durmo, jogo Candy Crush, sonho com espíritos.
Eles me pedem ajuda, e as coisas por aqui acabam me parecendo simples demais.
Conheça a autora
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